Em 1929, começa a trabalhar na redação do diário O Estado do Rio Grande, que era dirigida por Raul Pilla. No ano seguinte a Revista O Globo e o Correio do Povo publicam seus poemas. Neste mesmo ano (1930), o Poeta, viaja para o Rio de Janeiro entusiasmado com a revolução iniciada e liderada por Getúlio Vargas seu conterrâneo e lá fica por seis meses como voluntário do Sétimo Batalhão de Caçadores de Porto Alegre. Em 1931 retorna para Porto Alegre, integrando-se novamente a redação do jornal O Estado do Rio Grande.
Em 1934 começa seus trabalhos de traduções e a primeira publicação traduzida é “Palavras e Sangue” do autor italiano Giovanni Papini (1881-1956). Pela Editora Globo traduz obras de diversos escritores como Fred Marsyat, Charles Morgan, Rosamond Lehman, Lin Yutang, Proust, Voltaire, Virginia Woolf, Maupassant e outros tantos. O inacreditável sobre seu trabalho de traduções é que muitas de suas traduções, se quer mencionavam seu nome. Um erro literário que não há motivos ou desculpas para acontecer. Tais traduções proporcionaram aos brasileiros o conhecimento e acesso a literatura francesa, já que, na época, não dominavam o idioma. Em 1936, Mario Quintana, volta à Livraria do Globo, onde então passa a ser dirigido por Érico Veríssimo.
Mario Quintana teve seus quartetos publicados na revista Ibirapuitan em Alegrete por Monteiro Lobato em 1939. Este ainda lhe encomenda um livro que viria a ser publicado com o título “Espelho Mágico” em 1951 pela Editora Globo. No ano seguinte (1940) o livro “A Rua Dos Cata-ventos” em sua 1ª edição lançado pela Editora Globo, é muito bem recebido no mundo literário da época e alcança uma ótima repercussão, passando seus sonetos a compor livros escolares e antologias. Um feito memorável para a época. Na Revista Província de São Pedro, Quintana, passa a publicar diariamente na coluna “Do Caderno H” em 1943. Em 1946 a Editora Globo publica o livro “Canções”, livro de poemas de Mario que trazia ilustrações de Noêmia.
Sob o título de “Poesias” reúne num único livro todos os seus livros lançados até então. A 1ª Edição de “Poesias” ficou a cargo da Editora Globo com o patrocínio da Secretaria de Educação e Cultura do Rio Grande do Sul, lançada em 1962.
Em 1966, ano em que Mario Quintana completaria 60 anos, Rubem Braga e Paulo Mendes Campos organizam a “Antologia Poética” que, além de trazer vários de seus textos conhecidos, também contava com sessenta textos inéditos composto pelo poeta como forma de homenageá-lo pela passagem de seu aniversário em 25 de agosto daquele ano. A Antologia se torna o melhor livro do ano
e ganha o Prêmio Fernando Chinaglia. Homenagens lhes foram feitas pelos seus 60 anos. Paulo Mendes Campos lhe escreve uma crônica e a publica na Revista Manchete em 30 de julho. Porém, o lançamento deste livro não lhe rendeu apenas homenagens, rendeu-lhe reconhecimento e justiça. A Academia Brasileira de Letras que, numa de suas sessões, saúdam o poeta escritor recitando seu poema “Quintanares” através de seus acadêmicos Augusto Meyer e Manuel Bandeira.
Por várias vezes tentou ingressar na Academia Brasileira de Letras e por três vezes não conseguiu. Nunca conseguiu unanimidade para juntar os 20 pontos necessários para abrir as portas para sua inclusão. Mario era irreverente, bem humorado e sarcástico, para a negativa de sua aprovação na Academia, ele compôs em 1978 o “Poeminho do Contra”:
“Todos esses que aí estão atravancando meu caminho, Eles passarão… Eu passarinho!”
Por ironia do destino e, talvez, por reconhecer a grande injustiça que haviam cometido com escritor, poeta, tradutor e jornalista Mario Quintana, os acadêmicos resolveram convida-lo a ingressar para a referida Academia numa quarta tentativa com a afirmação que seu nome teria unanimidade. Porém, Maria recusou categoricamente e acrescentou:
“Só atrapalha a criatividade. O camarada lá vive sob pressões para dar voto, discurso para celebridades. É pena que a casa fundada por Machado de Assis esteja hoje tão politizada. Só dá ministro”.
Quando ao episódio, declarou Luís Fernando Veríssimo:
“Se Mário Quintana estivesse na ABL, não mudaria sua vida ou sua obra. Mas não estando lá, é um prejuízo para a própria Academia”.
E Cícero Sandroni: “Não ter sido um dos imortais da Academia Brasileira de Letras é algo que até mesmo revolta a maioria dos fãs do grande escritor, a meu ver, títulos são apenas títulos, e acredito que o maior de todos os reconhecimentos ele recebeu: o carinho e o amor do povo brasileiro por sua poesia e pelo grande poeta e ser humano que ele foi...”
Em 1981 recebeu o Prêmio Jabuti de Personalidade Literária do Ano.
Quintana não quis se casar e, consequentemente, não tinha filhos. Solitariamente viveu sua vida. Não tinha bens e preferia morar em hotéis. Por 12 anos (1968 a 1980) morou no Hotel Majestic localizado no centro histórico de Porto Alegre. Mas, com a falência por problemas financeiros do Jornal Correio do Povo, o Poeta se viu desempregado, sem salário, sem poder pagar o aluguel do quarto ao Hotel. A administração do hotel, numa atitude desumana e desrespeitosa, despejou o escritor, jogando seus pertences e malas na rua. O acontecimento chegou aos ouvidos do Jogador Paulo Roberto Falcão que imediatamente se dirige ao local. Ao chegar encontra Mario Quintana na calçada, sentado envolvido por suas malas. Falcão se aproxima e pergunta: _Sr. Quintana, o que houve? Mario ergue a cabeça e deixar aparecer as lágrimas que rolam por sua face e responde ao amigo Falcão: _ Quisera não fossem lágrimas, quisera eu não fosse um poeta, quisera ouvisse os conselhos de minha mãe e fosse engenheiro, médico, professor. Mas, ninguém vive de comer poesia.
O poeta conta o acontecido ao Rei de Roma, enquanto este acomoda suas malas no carro. Em seguida Falcão abre a porta do carro para Mario e o convida a entrar. Dali, os dois mudos, seguem pelas ruas da bela Porto Alegre até o carro parar em frente ao Hotel Royal. Falcão desse do carro, retira as malas com os pertences de Mario, chama o gerente do seu hotel e diz:
_ Sr. Mario agora é meu hóspede.
Surpreso, o poeta pergunta:
_ Por quanto tempo, Sr. Falcão?
Falcão em eterno silencio e comovido, o abraça e diz:
_ Por toda eternidade poeta.
Mario Quintana morreu em 5 de maio de 1994
"Se me esqueceres, só uma coisa, esquece-me bem devagarinho"
Fontes: Wikipédia
Fotos: Wikipédia e Internet Free
Pesquisa e Texto: Renato Galvão
Escritor e Poeta
Colunista
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Desconhecido ou quase em Portugal, uma sesibilidade poética extraordinari
ResponderExcluirTexto maravilhoso como sempre Zé!
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