Panos
Haveria como passar a limpo a história do Brasil, sem ela estar marcada por um banho sangue, que tem suas origens desde a chegada dos infames colonizadores, portugueses até os nossos dias atuais, com as catastróficas das enchentes no Rio Grande do Sul?
É crônico pensarmos, que para poder ter as alcunhas de formação intelectual das pessoas, em determinados momentos, temos que nos dirigirmos dentro de um viés político que apenas faz repetir fatos, que deveriam conter em sua gênese a capacidade criação questionadora, para se chegar a um espiritual, que não se classifique como sendo um cabido, de coagir o medo individual que exerce seu poder em cada pessoa, que ousa ir contra o sistema de aglutinação de pensamento existente em nosso país.
Os panos éticos foram deixados de lado, em nome de um conformismo em se aceitar de, “tudo e todos”, um pouco da miséria de comodismos de cada um de nós traz dentro de nossas vidas moldadas de acordo, com as vontades capitalistas, e que dentro de um discurso de igualitarismo que nada tem de elevação dos ideais Iluministas, de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, se caminha para um banho de sangue diário, dentro de nossos traumas estruturais e mentais que venham a contaminarem, a resistência de um intelectualismo que lute de verdade para formação de uma critica política consistente, mas que contenha a empatia e o respeito pelo próximo.
Segundo Marilena Chaui, “a resistência contra opressão é um princípio norteador de formação de uma subjetividade que procura seu espaço dentro da história”, uma história marcada pela sujeira de uma elite que insiste em moldurar seu existencialismo, marcando a ferro fogo, as pessoas com menos recursos materiais, que são orquestradas a terem suas razões e vontades moldadas de acordo com os interesses particulares da velada, “Casa Grande”, usado aqui das palavras de Gilberto Freyre.
É necessário reinventar novos “panos”, para que haja a transpiração de tudo o que é impuro dentro de nossa historicidade, basicamente alicerçada nos princípios metodológicos e factuais do, “Velho Continente”, e que assim leve em consideração uma educação que valorize o valor do negro, do cigano, do indígena, do mendigo, do vagabundo, das mulheres, das crianças, e que venham a promoverem, uma higienização de concepção dos pensamentos, que não contenha um etnocentrismo e um classicismo, em valorizar uma classe humana ou social em especial.
É necessário reaver nossa história, e assim elucidar que escrituras muitas vezes técnicas, de escritores e historiadores, que somente valorizam os acontecimentos, e nãos as pessoas, deixando de lado, uma introjeção de interpretação livre, em contribuir (in)diretamente, para a destruição do pensamento crítico argumentativo de muitas pessoas.
A crise de mentalidade que passamos, esgarça um forte sentimento de que tudo pode ser convencido, e sem ser aguerrido filosoficamente, em um plantel de argumentação, que possa unir coração e razão dentro de uma mesma vazão, que não fique enclausurado, “em um empirismo que limite um criticismo”, que seja justo e imparcial, e que venha valorizar todas as histórias de vida individuais, usando aqui do pensamento John Locke.
“Os Panos da Moralidade Sadia”, estão, pendurados em torno de personalismos, que insistem em fazerem da antiga, “Terra Vera Cruz”, sem ser o centro de disseminação de incredulidades de um equilíbrio psicossocial, que possa assim não somente ter consonâncias de sentimentos mentais, de exploração, do, “povo brasileiro”, que eleva uma máxima de Darcy Ribeiro, “de moinhos de gastar gene”, que propicie um psicologismo de lutar contra artimanhas de poderes, que não reinvente uma história, que seja lustrada para o bem comum de todas as pessoas.
Um bem-comum, em ter a compaixão perante a dor alheia, e que se faça como um vetor de bons atos, em se colocar no lugar do outro, como sendo um alicerce para amparo das pessoas uma para outra, perante os seus momentos de exploração e dificuldade.
Exploração ainda latente dentro do modus operandi da antiga colônia lusitana nos Trópicos, e dificuldades, que passam tanto pelo antropo educacional, como espiritual, como intelectual, como mental, levando assim uma boa parte da população a ficar encoleirada diante as “belas vontades”, dos donos do poder.
O Brasil em determinados momentos, pode ser classificado como sendo a “Cachorra Baleia”, do ilustre escritor Graciliano Ramos, sendo uma metáfora, de se julgar, “grande”, mas que em suas entranhas constitucionais, necessita das mais diferentes tipologias de ingredientes e vitaminas para se sustentar de pé.
Não se trata de passar o pano da “luta de classe do marxismo”, mas sim vim traçar um campo analítico, perante, não adentrar na “repetição da diferença”, segundo as palavras de Gilles Deleuze, e assim ficar circulando psicologicamente em um tombadilho preconceituoso , de que sempre seremos um país do futuro, mas um futuro que passa diante dos nossos olhos constantemente, e pelo qual não fazemos, “muito” por merecer, que esse, “país abençoado por Deus e bonito por natureza”, esteja ainda procurando por uma identidade nacionalista consistente, que vive de agraciar suas dádivas naturais e materiais, mas que é convalescente em unir todos seus aspectos sociais dentro de um mesmo plantel de oportunidade de crescimento intelectual e econômico.
É fundamental tecermos Panos, para assim retirar a sujeira de uma miserabilidade, “em vermos que nossa calçada é mais suja que a do vizinho”, e nos alimentarmos de um bom senso, em que, “o belo”, não se faz somente unicamente através de corpos esbeltos, e sim que a beleza, está no (in)consciente coletivo de cada um, formando assim uma individuação sentimental em ver o problema do próximo não como um simetria de estar sempre reclamando ou pedindo apoio, diante as mazelas institucionais que vivemos, e temos que tolerarmos diariamente.
És necessário passar um Pano na história política do Brasil, e também tirar a mácula que fomos descobertos, e assim retirar os germes, de uma inferioridade, diante os ditames de uma epistemologia implementada pelos viajantes europeus, que aqui promoveram um carnificina tanto no sentido corporal, como no sentido intelectual deixando uma lacuna cheia de micróbios de uma filosofia de igualdade, que possa fazer assim todos os tupiniquins iguais, e não bajularem os desiguais como sendo um castigo celestial ou uma imposição material feita por algum semelhante explorador conservador cristão, que colocou suas particularidade como sendo algo coletivo, dentro de nossos pensamentos, ainda nativo, como omisso.
Haja Pano para limpar tanta hipocrisia moral hein!
SOBRE O AUTOR
Clayton Alexandre Zocarato
Possui graduação em Licenciatura em História pelo Centro Universitário Central Paulista (2005) - Unicep - São Carlos - SP, graduação em Filosofia pelo Centro Universitário Claretiano (2016) - Ceuclar - Campus de São José do Rio Preto – SP.. Escrevo regularmente para o site www.recantodasletras.com.br usando o pseudônimo ZACCAZ, mesclando poesia surrealista, com haikais e aldravias..
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