Silvio Santos e a necessidade de Heróis Brasileiros
A morte do empresário e comunicador Silvio Santos, expos uma grande ferida ideológica e patriótica brasileira, em sua constante necessidade de se criar mitos ou heróis, para assim depositar suas amarguras e frustrações, perante um sistema de condução, pensamento nacional, que se coloca como uma massificação quanto a louvar a formação do pensamento critico.
Embora dentro de suas controvérsias existenciais e morais, o próprio Silvio, já tinha colocado de forma lacônica “que o brasileiro, era um povo inteligente, se é baixaria que o povo quer , é baixaria que vai ter, se é mulher com pouca roupa, o mínimo de roupa é o que vai se apresentar”.
De certa forma, era um tipo de Nelson Rodrigues, dos mais humildes, dos descamisados, que levava assim a questão de realizar uma forma de comunicação coletiva, em que não se importavam os limites entre a ética e o bom senso.
Paul Verhoeven ficaria com inveja, diante das tentações libidinosas que o “patrão” realizava, diante a estonteante e popular belezas femininas, de Helen Ganzarolli e Lívia Andrade.
Era diversão garantida, com uma mistura de tentação com ação, aos quais seus programas gerenciavam uma “teoria de enunciação” entre divertir e paradoxalmente provocar o público.
E isso ficou explicito nas batalhas de audiência com o “seu filho pródigo da animação”, Gugu Liberato, bem como, o apresentador Fausto Silva, em quem não estavam atentos ou se faziam de surdos na percepção, que em meados dos anos 1980 e 1990, o Brasil, ainda estava experimentando uma recém-nascida Democracia Participativa e, que os seus exageros, somente vinham a consolidar o emplacamento, em amadurecer a defesa de um pensamento social conservador, que fazia com que muitas pessoas, colocassem em dúvida, se a abertura político partidária do Brasil, defronte a uma liberdade televisiva que, estava extrapolando, praticamente todos os sentidos do bom senso, quanto, ao que se exibir no dia de Domingo,
Mesmo que em alguns momentos, sua postura diante as câmeras viesse a entender “para os mais educados”, “usando aqui um meme seu popular”, Silvão não deixava de confrontar, a questão de propiciar um sentimento de diversão para os mais humildes, advindos de um maniqueísmo excludente, nada saudável de sua principal rival a TV Globo, que outrora, apoiou ideais autoritários dos “Anos de Chumbo”, como também mudava de camisa, conforme os interesses a serem elencados pela família Marinho também mudavam.
O cômico disso, é que a guerra audiência, culminou com certo endeusamento de sua imagem, feita pela emissora carioca, quando da confirmação de seu óbito, que não poupou em usufruir de sua imagem, em um escarnio de recepção de imagens e divulgação de informações que, em determinados momentos se contrastava entre a apologia a um de suas maiores “pedras no sapato”, como “também”, fazendo uma pitada de troco, em elevar sua audiência diante o desaparecimento de seu algoz, quanto ao crescimento de Ibopes televisivos, que fazia dos domingos uma verdadeira batalha audiovisual entre o SBT e a Rede do Plim Plim.
Ou bem seja, Silvio Santos, mesmo depois de morto, conseguiu realizar a façanha, de fazer com que seus meios de comunicação, continuassem girando em torno de seus bordões e, trapalhadas, diante seu auditório, que chegava a beirar um fanatismo em determinados momentos.
Nesse quesito, de autopromoção da sua imagem, foi um mestre incomparável, em usar da audácia e dos perigos, que suas atitudes nada ortodoxas de marketing da TV, podem causar.
Até mesmo em seus fracassos, conseguiu tirar proveito, como no ocaso do sequestro de sua filha em 2001, que praticamente repercutiu no pais inteiro, fez desse evento um baluarte de balbuciar, a figura de um “ser”, indomável, inatingível e que estava preparado para todas as surpresas que vida podia lhe oferecer.
A televisão aberta, se tornou certo um martírio em sempre repetir velhas formas de entretenimento que, vinham trazer muito mais lamento, do que um sentido de diversão que, saia de um apocalíptico sentimento de que, para propiciar alguma alternativa de vida para a população mais pobre, se faz mais do que vital, muitas vezes, se apelar para a baixaria corporal, caminhando para uma anarquia de acontecimentos intelectuais que, propiciem um caminho de cartasis de uma educação televisiva que, não seja vista como massificação ou manipulação, pelos olhos dialéticos atentos.
Silvio Santos, se diferencia de Senor Abravanel, quanto a caminhar para adoração do "empresário cult", que usa da sua imagem como um pseudônimo para assim ser sublime, para uma objetivação para atrair um pragmatismo de pessoas que, estejam voltadas tanto para massificação da diversão barata, como para uma manipulação da realidade, trazida pelo animador que não tinha papas na língua e travas para suas atitudes mais inusitadas, em múltiplas realidades psicológicas, econômicas, políticas e sociais.
Realidades com certames históricos, vindo a colocarem amostras que o brasileiro adora uma boa e velha baixaria, para assim se chegar a um cunhar de hermetismo de diversão popular que, seja extremamente arraigado a um baixo nível intelectual, para que assim se construísse entusiasmos enfadonhos de bem estar, sendo inconscientemente enganado e concomitantemente sentindo prazer nisso.
Nesse caso, podemos comparar sua figura, quase que um sentido de “mãe dos ricos e pai dos pobres da TV”, parafraseando aqui com Getúlio Vargas, dentro de se elevar uma “simbologia do espetáculo, como um conluio de controle do pensamento crítico argumentativo”, como diria Pierre Bourdieu. Ou bem sejam dentro do espaço empresarial artístico, Silvio Santos foi um oásis de ousadia, bem como quando estava à beira da falência, em colocar todo seu patrimônio sendo garantia de pagamento de seus prejuízos e em pouco tempo, praticamente duplicar o valor de suas empresas, como também se obliterando como um clivo de desafiar a idade e, assim deixar um forte alarido de emulação, a gerar uma organicidade de comportamento para as futuras gerações, quanto o que se trata ser jovem, quanto a conter uma jovialidade.
O “jovem”, Silvio Santos, escondido entre os desafios de lançar provocações para pureza escrutínia de seus lacradores que, exploram deslizes dos famosos para lançarem os mais variados tipos de campanhas comunicativas, a exaltar a moral dos bons costumes, continha um sarcasmo de transformar seus programas, em um caldeirão de “jovialidades” a adocicar, tanto a revolta quanto seus “usos e abusos” demagógicos, como corporais, para assim se garantir, não como um líder de audiência, mas sim a disseminar uma “alegria contra o politicamente correto”, que viesse trazer um método de destruição contra velhas castrações comunicativas que, a televisão coloca, mas que ao mesmo tempo exorta uma clareza, de que para se chegar a almejar algum sucesso, se faz permanente garantir uma ornamentação intelectual, de que nem todas as pessoas querem conhecimento, enquanto muitas querem um “herói de brinquedo” (Arnold Schwarzenegger que me perdoe!), para assim vir a dar algum traçado espiritual para suas vidas comuns.
“Ordinary Lives”, como diz o título, de uma das várias baladas românticas dos Bee Gees, eram alcunhas para Silvio, pudesse ser um bufão da inteligência, em reinventar a forma de fazer programas de auditório que, não vivessem a submergir suas diretrizes dentro de métricas, de roteiros pré- estabelecidos que, levassem assim a um tecnicismo da diversão, gerando mais frustração do que emoção.
Dentro de um sínodo freudiano, “Silvio não fazia chistes, ele próprio já seria uma metáfora viva de um restabelecimento da ironia saudável”, em consonância com a doce ignorância da maioria populacional que, não percebia que diante de suas ousadias, havia um caminho para se produzir comprometimentos financeiros que, o faziam tanto como empreendedor, como patrão a estarem em um mesmo caminho, de liberdade monetária, para se acumular capital em meio à escravidão da necessidade de diversão barata, que aflige boa parcela classe média brasileira.
Para uma sociologia da comunicação, a morte de Silvio Santos, deixou uma metafísica em se reinventar, ou construir novos personagens que possam dar um pouco de apoio psicológico, para os espasmos de que o Brasil necessita tanto, precisa se desvencilhar, como aprender a viver sem os seus “mitos”, construídos em meio a um arquétipo, de estar incutido nos princípios de um subdesenvolvimento tanto material como emocional, no fortalecimento de mentalidades que, possam não necessitar, da arquitetura de figuras místicas de adoração popular que, venham a ocupar o papel da responsabilidade civil, em que cada um tem o seu tempo de reflexão, na elaboração e construção de um Estado Nação que, possa assim ser justo e, propiciar oportunidades de crescimento tanto econômico, como mental, sem emergir amarras de uma emolduração de luta de classes, se seja senciente, na não promulgação de jactâncias filosóficas e que, faça tanto camelôs como bibelôs, estarem no mesmo tratamento de igualdade formal e jurídica, como grã-finos e playboys a solta por ai.
Enquanto isso, nossa fábrica de heróis, precisa usar seus moldes de distorção do real, para criar novos heróis que possam substituir a falta de Silvio Santos, como a representar tanto dos descamisados, como os enricados.
Enquanto isso não acontece, “quem quer dinheiro, ou quem precisa de dinheiro”...
Não há herói que, tenha uma conta bancária tão grande assim, para suprir todos os necessitados, e abastados...
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