Crônica da vida de um Inseto...
Exceto, naquela tarde de calor sazonal, o “racional” da paciência resolve tirar férias de sua consciência.
Esse outro mundo faz um “small organism”, penetra em peles húmidas, por uma transpiração infernal, fazendo a pulsação germinar momentos de uma “loucura”, na sala de reuniões.
Falar em educação é uma “parrhesia”, de atormentar o pavilhão e tirar as pessoas de seu sossego, o inseto incomoda, voa, faz zunidos mais atormentadores, a uma ontologia de nunca ser esquecido, mesmo depois de terminado a reunião de pais.
Voa, revoa, atravessa a sala, chega aos dormitórios de cima, passa por entre várias axilas, sente o azedo de um sêmen famigerado do desejo.
Imoral! Atrapalha uma humanização de suavizar seu esquecimento, o inseto faz parte da humanidade há milhões de anos, os sapiens são infantes, perto de sua jornada genealógica, mas que não tem lógica.
No verão ele perturba, no inverno ele deturpa, admitindo, um sentimento que ele próprio é parte, de uma vida bandida, que não respeita todas as formas de vida, mas que não tem forma definida, e se deforma no fórmico julgar de devorar a carne doente de todas as pessoas.
Em um espírito racista é um ultrajante voador, esboçador do pecado, é bíblico, faz parte do enredo das 07 Pragas do Egito, é dístico não dionísiaco, vive como um “bom vivant”, atrapalhando as sociabilidades em festas de aromba.
Nos cemitérios, procura a putrefação como razão para seu minúsculo coração, recheado de carne podre.
Não mais podre do que os desfiladeiros de peles, pelos e sentimentos que deve desviar a cada momento, para não ser esmagado.
Procura um orifício em uma cama pecaminosa, para se esconder, a fim de não ser achatado, como qualquer outro ser vivo.
Passeia por entre gotículas do orvalho virginal, desaforado pelo sêmen puro de uma tentação, aos quais os homens e mulheres se deleitam como um paradoxo de sentimentos misturados, com um falsificacionismo do “eu te amo”.
— “Amor”, os insetos também são seres da natureza, merecem serem respeitados! — Diz a budista.
— Para os infernos! — Brada o dedetizador do quarto de motel mais vagabundo.
Some, por entre fileiras de quartos repletos de mofo nas paredes, e camas que testemunharam as misérias de um amor, que foi somente satisfeito por sexo, e que o inseto visitou hoje.
O inseto entra por entre narinas cheia de pelos, tece um caminho de esguio para a compreensão de um oceano de falsos testemunhos, de que a vida, ama a todos...
Ele nunca sonhou em ter asas, mas até os demônios tem asas, muitas vezes disfarçados de anjos, visitando os muros grafitados por uma juventude paralela, aos grandes acontecimentos da humanidade, uma dor crônica, com fome para abarcar novos adereços de uma putrefação moral, que faz domicílio na mente doentia, de que a violência é uma forma a atenção para um “sistema”, que não está nem um pouco interessado no parasitismo social que o cerca.
O inseto visita lares de parasitas, que pensam que são humanos.
Pobres diabos! Na crônica de buscar o amor, quase nunca o realizam, estando com um gosto do azedume do pecado, para considerar algum alento, para o existencialismo barato de se divertirem perante um televisor de baixa qualidade de canais, ou na tela do celular em imaginar, estar no mesmo espaço de equiparação com a imagem de pessoas, com perfis falsos, e promovendo uma interação cheia de golpes baratos e interesses corporais, que escondem a decadência de uma política, que possa colocar em um grau de sintonia de compaixão todas as pessoas.
O inseto procura uma carniça fresca, para matar a fome.
Encontra uma, na esquina cheia de trabalhadores, dos mais diversificados calibres, voltando para suas casas, prontos para um jantar requentado, e para suas esposas, cheias de estrias, e dentes amarelados, já de prontidão, para descarregarem todo programa de reclamações de classe média baixa, e também seus “pupilos”, adiantados, em pedir alguma gorjeta pelos falsos sentimentos de carinho, que vão serem lançados em seus cangotes, assim que colocarem seus pés nos seus lares, banhados pelo monóxido de carbono de indústrias e veículos.
A carcaça é de um gato, que resolveu usar seus dotes de velocista olímpico, justo no momento em que uma moto resolveu acelerar e cruzar seu caminho.
Cabeça e corpo agora são dialógicos em sua constituição material.
O inseto pousa, suga um pouco do sangue quente, passeia por entre suas tripas, se lambuza, enquanto as pessoas passam e deixam um olhar de repugnância perante o infeliz animal.
Só que o inseto, se esqueceu, que os odores do “novo cardápio”, vão atrair mais companheiros distintos de sua vida em breve, e que o bichano vai virar um parque de diversões, para um piquenique das mais múltiplas tipologias de voadores pestilentos.
Não podemos, é claro, nos esquecermos das larvas rastejantes, que também como boas samaritanas dentro do universo da cadeia alimentar, também merecem acabar com sua fome.
O Inseto se satisfez, agora resolveu depois do jantar perturbar o sono de uma velhinha, que mal consegue fazer suas necessidades diárias, e vive na solidão sepulcral do abandono familiar.
Também! Não seria por menos...
Foi uma mãe com apetite de “autoridade stalinista”, e de disciplina “napoleônica”, não demonstrando empatia, pela obrigação de um casamento por interesse em deixar herdeiros, para suas pequenas posses, arranjado por ambas as famílias.
O marido, fazia pouco tempo que havia se ajuntado aos enxames metafísicos cristãos.
Uma boa diversão para o inseto, que passeia pelo corpo enrijecido e decaído da anciã, passando por entre suas virilhas, irritando sua pele.
Depois alça vôo, e aterrissa brevemente em seus lábios, a boca é contraída como um aviso de que não é bem vindo nessa região.
Como um sinal de fúria, o inseto passa por as camadas mais finas de suas sobrancelhas até chegar à fissura que faz a divisão da pálpebra ocular com o cristalino.
A velha ergue sua mão com dificuldade, e tenta espantar o nada agradável visitante, a testemunhar seu sonho torpe.
Ele não se dá por satisfeito, e agora caminha para seu novo bombardeio de agitação “incestuosa” para a coclear, e se conseguir passar pelas áreas cartilaginosas, pode até sacudir o martelo, mas o barulho irá, enfurecer um vulcão de 77 anos, que ainda tem, muitas lavas para jorrar para aquele que resolver atormentar o efeito de sua melatonina, quase sufocante, enobrecida por algumas doses de fármacos.
O inseto está ficando depressivo.
O pobre e minúsculo “corpúsculo pluricelular”, não sabe por onde mais estacionar suas asas, já que no menor movimento, seu natural senso de perigo é despertado, tirando do seu sossego, com receio de sofrer um esmagamento tão brutal, quanto à de uma avalanche gelada em cima de um grupo de alpinistas.
Vida de inseto não é fácil, mesmo sendo sua espécie um dos habitantes pioneiros na existência da vida terrestre, nunca foi compreendido, sofrendo a estereotipia de uma conservação como símbolo de todas as piores maldades que a natureza divina pode jogar nos homens.
Ele passa pelo canal auditivo da “velha”, automaticamente ela coça o ouvido.
Enfia suas unhas quebrantes, e arranca um pouco de cera, e o pequenino invasor fica encurralado, se misturando entre o material gosmento cor de ouro e o dedo indicador da senhora.
Bate as asas de maneira desesperada, contrai todo seu corpo, solta um grito pequenino, de quem percebe que a morte se aproxima.
Sua ambição por diversão foi longe demais, agora está ai, prestes a padecer da solidão do último suspiro, é um "pirronismo" de ingratidão de uma vida, que resolve fazer piada com sua platéia, nos momentos mais inimagináveis.
O inseto quer voar, mas não sabe aonde ir, sua vida é feita da putrefação, com ação, que fez que degustasse o sentido, dos licores mais azedos, do sangue que jorra, nos corpos que são arrastados pelo deserto da solidão.
O seu coração corre para parar de zombar, o sono que incomodou toda noite de anciãos, por esse pequeno momento, será louvando ao menos que alguém pelo menos se lembrou deles, mesmo de forma brutal
O inseto não é reto, é um turvo, de retalhos de uma existência, que se diz que é amoral, mas que não tem nada espiritual, pois ocupa um tempo, sonha no pesadelo daquele que perturba, mas nesse evento nojento, virando um minúsculo cadáver sendo jogado no ralo mais próximo, faz momentos de profunda raiva tornarem-se espetáculos de casamento da incompreensão humana em se aceitar.
Afinal, todos nós temos um pouco de “metamorfo insetal”, habitando nossa mente e coração, que sem razão procura um alarido de felicidade, nas coisas mais simples, mesmo contendo uma complexidade enorme da inferioridade de sua condição mental e intelectual do tamanho de um minúsculo projeto de vida, na patogênese de procurar uma gênese para existir.
Novos insetos irão insistir, procurando novas aventuras, afinal na vida, não basta comer somente a carcaça, e sim fazer uma couraça de peles, emaranhadas por hipocrisias de se proteger, contra se sabe lá o quê, “a coisa em si, em si a coisa, o inseto é uma coisa, o humano em si se faz coisa”.
A cada novo vôo, novos mundos, a cada descompasso, um marasmo de sarcasmos...
E os insetos continuam cantando, e os bípedes cerebrais irracionais cantando... e pouco se lixando...
SOBRE O AUTOR
Clayton Alexandre Zocarato
· Email: claytonalexandrezocarato@yahoo.com.br
· Instagram: Clayton.Zocarato
Clayton Alexandre Zocarato faz parte do programa "Escritores de Sucesso" faça parte também deste programa do Jornal e Editora Alecrim.
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