Como Reconhecer um Relacionamento Afetivo Tóxico - Por Renata Gaia
Como Reconhecer um Relacionamento Afetivo Tóxico
Por Renata Gaia
Em uma época em que tanto se fala sobre amor, vínculos e
formas de se relacionar, ainda enfrentamos uma dificuldade essencial:
reconhecer quando um relacionamento deixa de ser um espaço de crescimento e
passa a ser um ambiente de anulação. Relacionamentos tóxicos não costumam
surgir de forma brusca. Eles se constroem lentamente, em pequenos gestos, em
concessões sucessivas, até que percebemos que já não existimos mais dentro da
história que estamos vivendo.
A primeira pergunta é simples, mas profundamente reveladora:
você se sente livre?
Se a resposta é não — se você não pode ser você mesmo, se
precisa se calar, diminuir sua luz, controlar a própria espontaneidade, ou se
percebe que sua existência está encolhendo para caber no outro — então é
preciso atenção. Há algo tóxico acontecendo.
É comum acreditarmos que amamos alguém porque essa pessoa é
valiosa. Mas a verdade é oposta: é o amor que sentimos que torna alguém valioso
para nós. E, por isso mesmo, muitas vezes confundimos valor com ilusão. Uma
pessoa pode parecer extraordinária apenas porque nossa carência, nosso medo da
solidão ou nosso desejo de ser amado projetam nela qualidades que não existem
ou não se sustentam na convivência real.
Há ainda um fenômeno curioso: quando estamos nos preparando
para uma relação — seja por estar solteiro, saindo de um término ou desejando
um novo encontro — começamos a nos cuidar mais. Mudamos o cabelo, o corpo, o
estilo, buscamos autoconhecimento, fortalecemos amizades. É como se a vontade
de amar despertasse em nós a vontade de sermos melhores. Mas fica o
questionamento: por que só cuidamos de nós quando imaginamos que haverá alguém
para cuidar da gente?
Para evitar cair na armadilha de relações que adoecem, três
pontos fundamentais precisam ser observados:
1. Respeito aos valores pessoais
Não é necessário — nem saudável — que o outro compartilhe
dos mesmos valores que você. A riqueza está na diferença. Mas se o outro não
respeita o que é essencial para sua integridade, é preciso cautela.
2. Respeito à territorialidade
Todo ser humano precisa de um território próprio — físico,
emocional e mental. Um espaço que é só seu, onde apenas você entra. Relações
que invadem, sufocam ou anulam esse espaço geram dependência e medo, não amor.
3. Sensibilidade e entrega
Relação saudável é aquela em que a dor do outro dói em nós,
e a alegria dele nos alegra. Sem essa capacidade de sentir com o outro, não
existe compaixão, não existe vínculo verdadeiro, não existe entrega.
Diante disso, vale o convite: como está o seu
relacionamento?
Faça uma lista sincera. Observe comportamentos, padrões,
sensações. Não se engane. Muitas vezes, o que mais nos aprisiona é justamente a
fantasia que criamos para não encarar a realidade.
No fim das contas, existe uma diferença crucial entre dois
tipos de dor:
a dor que ensina e a dor que destrói.
Entre elas, escolha a primeira. Sempre.
Instagram. Vivagaiadeluz.
| Renata Gaia - Responsável pelo espaço Gaia de Luz em Nova Friburgo - Psicanalista - Especialista em comportamento humano - Estudiosa da Neurociência do dia-a-dia |





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