Amor, admiração e a arte de relacionar-se com verdade
Relacionamento: talvez o maior
mistério da vida humana. Precisamos de laços para nos sentirmos vivos, vistos,
pertencentes. No entanto, para que esses laços floresçam com verdade, é preciso
atenção a alguns pilares fundamentais — e um deles é a admiração.
É possível admirar alguém sem
amar? Sem dúvida. Mas é impossível amar verdadeiramente sem admiração. Por
isso, a pergunta que todos deveriam se fazer é simples e profunda: a pessoa com
quem me relaciono, ou desejo me relacionar, eu realmente admiro?
O amor caminha de mãos dadas com
a admiração; sem ela, o sentimento se torna frágil, instável e facilmente
confundido com dependência.
Respeito também é um ponto
essencial — e muitas vezes mal compreendido. Respeitar não é ter medo, tampouco
venerar. O respeito verdadeiro se dá numa linha horizontal: eu reconheço o
outro, vejo o que ele inspira em mim, mas não o coloco num pedestal que me
diminui. Quando transformamos o outro em alguém a ser venerado, abrimos espaço
para uma dependência emocional que nos escraviza. E, pior, permitimos essa
escravidão silenciosa sem perceber.
Respeitar o outro como indivíduo é também observar o quanto ele nos respeita enquanto indivíduos. Nesse tipo de relação, não há medo, nem manipulação, nem a necessidade de interpretar papéis de vítima. Onde existe respeito mútuo, a mentira perde espaço. Onde existe admiração, o ego se silencia, e quem fala são as almas de duas pessoas que realmente se encontram.
Por isso, se você está em uma
relação onde precisa negociar seus valores, ceder o que para você é inegociável
ou ver seus princípios ignorados, acenda o alerta. Algo está desalinhado. É
preciso perguntar: que admiração é essa? Que amor é esse? Em muitos casos, o
que chamamos de amor é apenas a máscara de uma dependência emocional alimentada
pelo medo — medo da solidão, do tempo que passa, de não constituir família, de
não ser escolhido.
E então surge a pergunta
inevitável: quais são as causas da sua dor, que podem estar te levando a
permanecer ao lado de alguém que você sequer admira?
Se um dia houve admiração,
pergunte a si mesmo: ela ainda existe?
Se a resposta for “não”, não se
engane. Não invente uma história para justificar a permanência. Levante, sacuda
a poeira, e siga. Confie em si. Permita-se ser a melhor versão de quem você é,
sem medo.
Relacionamentos verdadeiros se
sustentam em amor e admiração, não em carência. São vínculos com presença,
afeto, profundidade — e, acima de tudo, com verdade. Eles nutrem
emocionalmente, não esvaziam.
Neles, as dores são acolhidas e compreendidas pelos parceiros, não usadas como armas ou justificativas para controle.
Se esse é o tipo de
relacionamento que você busca, faça um retorno à sua própria história. Revise
suas relações anteriores, identifique os padrões que não podem ser repetidos e
reconheça onde você abriu mão de si. Essa observação honesta é o primeiro passo
para transformar sua trajetória afetiva.
Porque, ao mudar seu olhar, você
muda sua escolha — e, assim, muda também a sua história.
Instagram. Vivagaiadeluz.
| Renata Gaia - Responsável pelo espaço Gaia de Luz em Nova Friburgo - Psicanalista - Especialista em comportamento humano - Estudiosa da Neurociência do dia-a-dia |





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