Ecos da Memória: Um Resgate das Ancestralidades em Teresópolis. - Centro Sociocultural Quintal das Artes de Terê contribui para evento contemplado pela Lei Paulo Gustavo.
Teresópolis, na Região Turística da Serra Verde Imperial do Estado do Rio de Janeiro, foi palco de uma oficina transformadora chamada Ecos da Memória - Ancestralidades em Confluência, ocorrida no último dia 19 de outubro, na Casa de Cultura Adolpho Bloch, no bairro de Araras, uma iniciativa financiada pela Lei Paulo Gustavo, no edital Cultura em Movimento.
Com
o objetivo de proporcionar um espaço de troca e aprendizado sobre memórias
ancestrais e afropindorâmicas, o evento conta com a participação de educadores
locais que, por meio do workshop, expandem seus horizontes sobre a história e
a cultura afro-brasileira e indígena.
A idealizadora do projeto, Isabela
Oliveira, artista multidisciplinar e pesquisadora do Grupo de Pesquisa
Ancestralidades em Rede (GRUPAR, filiado ao CNPQ), trouxe consigo a experiência
adquirida em sua trajetória profissional, que une dança, artes cênicas e
práticas somatoafetivas. Carioca de origem, Isabela reside em Teresópolis desde
o início da pandemia, um período que proporcionou um encontro profundo com as
belezas naturais e a comunidade da cidade. Atualmente, ela contribui para a
preservação e resgate das memórias afropindorâmicas e é matrigestora do
movimento ‘BemViverTerê’.
O workshop Ecos da Memória é a
continuidade de um trabalho iniciado por Isabela em 2023 com o projeto ‘Tecendo
saberes e resgatando memórias AfroPindorâmicas de Bem Viver na Terra da Luz -
Teresópolis’, também viabilizado pelo edital Cultura em Movimento. Nessa
primeira fase, ela dialogou com importantes figuras culturais de Teresópolis,
como Mestre Bimbinho do Quintal das Artes e Mãe Deise do Centro Espírita São
Geraldo. Esses encontros possibilitaram uma conexão mais profunda com os
saberes afro-brasileiros e originários da região, fundamentando o conteúdo e a
metodologia do workshop realizado em 2024.
@biaribeirofotografia
- “Além de contar com a parceria do Quintal das Artes, o único ponto de cultura certificado pelo Ministério da Cultura na cidade que está se auto declarando como um território quilombola, né?!
O
Quintal das Artes é também conhecido como Quilombo da Serra, pelo qual eu tenho
um carinho muito especial, pois lá eu tive a maior sensação de acolhimento das
minhas demandas relacionadas a me sentir pertencente a esse território
Teresópolis. Eu sou uma mulher negra retinta que uso o meu cabelo black
power, com muito orgulho e muita admiração por essa imagem que eu trago
agora na minha vida
Mas
reconheço que em muitos espaços conservadores onde chego, só a minha estética já é um convite a algumas abordagens desrespeitosas e racistas... Em todo o
território nacional, não somente aqui no município.
O Quintal das Artes é esse espaço do qual eu faço parte como cantante do coral Quilombo da Serra e que é mais um dos frutos desse espaço que conta com a parceria do maestro Wilson Nunes e apoio da FESO Pro Arte. Sou muito grata por esse espaço por essa parceria. Certamente essa foi a primeira de outras ações que estão por vir”. - declara Isabela.
O workshop trouxe ao público o ritmo dos tambores, percussão conduzida por Mestre Bimbinho e seus alunos, além de músicos do grupo Samba e Tradição. A presença desses profissionais reforçou o compromisso do evento com a valorização e circulação da verba pública dentro da cadeia cultural local, fortalecendo as raízes culturais de Teresópolis.
A Lei Federal n°10.639, sancionada
em 2003, que exige o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas,
foi um tema abordado na entrevista concedida por Isabela. Mesmo após duas
décadas, a lei ainda enfrenta desafios para ser implementada de forma eficaz
nas salas de aula, eventos como ‘Ecos da Memória’ tornam-se essenciais para
expandir a compreensão sobre o impacto e a importância da implementação desses
conhecimentos.
Para Isabela, o acolhimento da
comunidade de Teresópolis e a participação voluntária dos educadores no workshop foram marcos que simbolizam a
disposição e o interesse em construir, juntos, uma sociedade mais equânime e
respeitosa. Ela finalizou a entrevista com um agradecimento aos parceiros do
Quintal das Artes e do Coral Quilombo da Serra, e todos os educadores
participantes, destacando a importância de cada um nessa jornada de respeito,
aprendizado e transformação social.
O
projeto Ecos da Memória representa uma ponte entre o passado ancestral e o futuro inclusivo e igualitário que buscamos construir, reafirmando Teresópolis
como um importante polo cultural que valoriza suas raízes e promove a união
entre suas diversas heranças.
Imagens - Malani Carvalho
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