sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Haveria a possibilidade de se matar o cinema?


Haveria a possibilidade de se matar o cinema?

“O cinema não está morrendo”,  como diria o grande pensador  Gilles Deleuze, mas sim está se  reinventando, como quase todo o grande empreendimento cultural, passando por metamorfoses, que facilitam o acesso das grandes massas aos seus mais belos conteúdos e estéticas.

Com as plataformas digitais ganhando cada vez mais espaço dentro do mercado de consumo do entretenimento, ir ao cinema e ocupar suas imensas salas de projeções, se tornou um atrativo social, que demarca um espaço comportamental, de crescimento de uma lapidação mental, entre o público que pode pagar para ter acesso aos seus conteúdos,   e os que são privados economicamente desse postulado intelectual , formatam uma disruptura social que elenca uma pobreza de compactuar políticas de Estados Culturais, que venham acalentar e abraçar todas as classes sociais.

Os filmes alternativos são uma boa margem de assegurar uma formação de subjetividade, que venha  a não trazer marca plena do consumismo desenfreado, como também a combater uma simetria filosófica de destruição do brilhantismo,  “das salas escuras, que com os irmãos Lumiére”, ganharam um enredo histórico que colocar o movimento  psicobiológico  do “sapiens”, como uma forma de esclarecimento dos seus principais dilemas, quanto a sua posição diante as mudanças científicas e culturais transcorridas  do século XIX para o século XX.

A morte do cinema seria  uma metáfora caótica , quanto a angariar caminhos apelativo, que se possa transcender uma métrica de pensamento, que possa assim propiciar para todas as pessoas, caminhos para uma elocução de sua subjetividade, que não fique exclusivamente encarcerada na  sua diversão pessoal, enaltecendo  os interesses das grandes corporações, e  assim que venham assistir, aquilo que lhe é imposto e não escolhido.

Nesse ponto, o grande Michelangelo Antonioni através do seu cinema em demonstrar pequenez do homem diante suas próprias produções, como fica evidente em sua obra,  “O Deserto Vermelho de 1964 ”, fazendo uma forte crítica, a industrialização desenfreada, indiretamente também traça ditames, para se repensar como estereótipos de invenções grandiloquentes, podem vim a reduzir o homem, a ser escravo de suas próprias criações.

Ou como diria Albert Einstein,  “em um tempo incertezas, qualquer renovação é vista como uma grande atração”, e de fato, o cinema ainda, mesmo depois de mais um século continua sendo uma grande atração psicoativa.

Seus gêneros foram diferenciados, filmes para todas as idades e gostos, que transformam uma necessidade vital diante do,  “boom”, da,  “sociedade da informação” acrescentando  uma pouco de fantasia ao seu cotidiano.

Um cotidiano, que se constrói dentro de metafísicas éticas, que são sublimes, em provocar o sentido de morte, como uma substituição de uma, “estrutura por outra estrutura”, passando por perigos de jogos de linguagens, que envolvem um apelo pela humanidade, em assim, se arquitetar, como um plano de enaltecimento de sua demarcação diante desafiar as leis físicas, construído uma nova forma de como disseminar as artimanhas filosóficas, em  que é necessário entroceder caminhos de uma liberdade de criação que possa tanto fazer o “ser” viajar como “estar”, sentenciado a enxergar cada ação sua, perante os desafios de um  multiculturalismo, que esteja voltado para uma eloquente valorização, da,  “imagem movente”, não somente como uma insatisfação da cultura humana, mas sim como sinônimo, que através  da,   “sétima arte”, se ovacionou desafiar a morte e o tecnicismo.

Um, “tecnicismo”, que com a multiplicidade do cinema, fez com que houvesse novos planos, em elucidar a possibilidade, de adquirir novos sonhos, que sejam santificados em tirar o homem do seu encarceramento “criativo”, e assim se chegar a um coeficiente de inteligência que possa ver sua epistemologia de assimilação do real, podendo desafiar a,  “morte”, através da racionalização do cinema, como sendo um atributo de demarcar sua imagística dentro do seu  espaço – tempo.

Um espaço que lute contra um denominador de massificação que destrua os valores de sua ação, como também venha a multiplicar diversos tempos cheios de acalentos, diante uma história que não seja factual, mas sim venha a possibilitar uma multiplicidade de,  “caminhos maiêuticos” em busca do bem-comum, como também do entretenimento que ao mesmo tempo possa ser caracterizado,  “como um nous”, de construção de uma sociedade civil, que não esteja fechada dentro meandros de uma burocracia voltada para a conservação da, “tradição pré-estabelecida de uma civilização", como diria Max Weber, mas que também esteja no cunho de arquitetar caminhos para uma força motriz de pensamento filosófico que  não se detenha somente a ver cada enquadramento de cena,  como algo comum, sem conter um atrativo de provocação em se lutar a cada instante contra uma alienação que venha, imitar alguma ação mental clara e construtiva.

Segundo Jurgen Habermas, “a ação passa por pressupostos” de interstícios em, “fazer da arte, um sínodo de caminho, entre a formação mental, como indignação social”, Sergei Eisenstein, capitou bem esse sentido em suas obras recheadas em realizar filmagens que pudesse tanto, trazer maravilhas para uma elaboração de promoções intelectuais, que viesse assim a realizar um espiritual de concentrar o cinema como sedo bajulador, de promoção da indignação perante os abusos cometidos por  toda tipologia de abuso de poder político.

Ao longo do tempo o cinema trouxe tanto o alusivo sinônimo de um “sonhar”, que pudesse trazer a  “reflexão”, como também uma cosmologia de arquétipos culturais em entrelaçar polivalentes modelos de artes, que fizessem uma diacronia filosófica acerca da condição humana, em como se prostrar perante as mais pragmáticas,  “krisis”, de identidade psicológica e sentimental ao qual o homem passa.

Desde os romances de época, aos desafios de guerras intergalácticas, ao enfrentamento de animais monstruosos e colossais, aos simples arranjos de técnicas de produção quase que artesanais, o cinema morreu no sentido de estar, dentro de caracteres paradigmáticos de estar traçado somente para diversão, mas sim ganhou um traçado de escopo psicanalítico, a se relativizar, em suas formas e estilos de crescimento intelectual, que traz anseios de novas esperanças para uma criticidade lúcida, que não fique presa, aos martírios, de conter dentro de suas sinopses,  plantéis recheados de conflitos, ou de um banho de sangue macabro, que venha enfocar assim o lado animalesco que cada ser-humano traz dentro de si.

O cinema precisa a cada instante se projetar para a construção de novos amores, que possam outorgar um solipsismo de destruição de, “eus”, que caminham para um inconsciente coletivo, de enxergar a animação, não como um projeto do acaso, labutado pela mente criativa de algum diretor ou produtor.

Mas sim realizar do cinema, um eufemismo de finitudes morais, que possam realizar para o  homem, um bom combate diante a morte de sua criatividade, defronte o uso extremado de uma tecnologia, que não conseguiu refazer atributos de um trabalho mental- criativo,   em comiserar mensagens de refutação diante metanoias de um senso-comum, que cada vez mais procura ser dono da verdade.

A possibilidade da morte do cinema passa por um sentimento de    “reprodução da obra de arte técnica”  como elucidou  Walter Benjamin, em que se faz perder uma segurança, quanto a realizar um trabalho, que mate o sentido dialético do cinema em não somente vim  a divertir, mas porém dar uma margem de abertura artística da compreensão do “real”, para todas as pessoas, gerando, “uma potencialidade”, de pensamento que  venha trazer um caminho de liberdade, em se encontrar com contrapontos de uma existência, que venha estar com uma consciência que seja dentro do cinema como diversão, ou como a contestação,  ou seja qual estilo e  gênero for, culmina por  matar um pouco da comodidade que existe dentro  de cada um, quanto a ser incomodado, com suas ardorosas tramas cheias de dramas, como em assassinar uma zumbização latente da maioria das pessoas em apenas colcoar mais um pedra no sepulcro gnóstico de sua vida, quem em  muitos pontos,  se constitui a somente,  “voltar a fita”, da repetição diária da maioria dos seus  atos.

Não há como matar o cinema, mas todavia há como evitar o extermínio da apreciação intelectual nefasta, em que a maioria das pessoas foram alojadas diante um consumismo desenfreado de informação e materialismo inóspito, que mais alucina, do que ensina.


SOBRE O AUTOR

Clayton Alexandre Zocarato


Possui graduação em Licenciatura em História pelo Centro Universitário Central Paulista (2005) - Unicep - São
Carlos - SP, graduação em Filosofia pelo Centro Universitário Claretiano (2016) - Ceuclar - Campus de São José do Rio Preto – SP.. Escrevo regularmente para o site www.recantodasletras.com.br usando o pseudônimo ZACCAZ, mesclando poesia surrealista, com haikais e aldravias.. Onheça mais do autor!

·                  Email: claytonalexandrezocarato@yahoo.com.br

·                  Instagram: Clayton.Zocarato


Clayton Alexandre Zocarato faz parte do programa "Escritores de Sucesso" faça partetambém deste programa do Jornal e Editora Alecrim.

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