Somos seres emocionais aprendendo a pensar
Durante muito tempo acreditamos que éramos seres racionais que, de forma lógica e consciente, tomávamos decisões. Mas a verdade é que, antes de qualquer pensamento, somos tomados pela emoção. Sentimos antes de entender, reagimos antes de refletir. Nossa natureza emocional antecede o raciocínio — e é justamente essa emoção que nos impulsiona a buscar conexão, a viver em laços profundos com outros seres humanos.
Lá no fundo, todos sabemos: é no vínculo com o outro que a vida ganha sentido. É através do afeto que a paz se torna possível. É sentindo com o coração que experimentamos a verdadeira felicidade.
O poeta Mário Quintana expressou com delicadeza esse entendimento em seu poema “O Laço e o Abraço”. Ele nos convida a perceber o valor simbólico dos laços — aqueles que unem, mas não sufocam. Laços que abraçam, que envolvem, que cuidam. Laços que se desfazem sem ferir, que se desfazem sem perder nenhum pedaço.
> “Ah, então é assim o amor, a amizade, tudo que é sentimento,
como um pedaço de fita. Enrosca, segura um pouquinho,
mas não pode se desfazer a qualquer hora,
deixando livre as duas bandas do laço.”
Essa poesia nos ensina que amar não é prender. Que amizade não é posse. Que todo sentimento verdadeiro precisa de liberdade para existir. Quando os laços se transformam em nós, deixam de ser afeto para se tornarem prisão.
E é isso que precisamos refletir em nossos dias. Quantas vezes, por ainda estarmos presos ao nosso emocional instintivo, magoamos alguém com uma palavra impensada, com uma crítica ríspida, com uma fofoca sem intenção clara? Quantas vezes transformamos laços em nós?
Nosso desafio como seres humanos é justamente esse: evoluir da reação emocional para a ação consciente. Aprender a pensar, a refletir, a considerar. Criar laços que curam, que fortalecem, que libertam — e não laços que ferem ou aprisionam.
Talvez o grande segredo da maturidade emocional esteja aí: na delicadeza de manter laços profundos sem perder a leveza da liberdade. Porque ser humano é isso — um processo constante de sentir, pensar, amar e aprender.
Renata Gaia - Responsável pelo espaço Gaia de Luz em Nova Friburgo - Psicanalista - Especialista em comportamento humano - Estudiosa da Neurociência do dia-a-dia |
Perfeito é sobre agirmos com amor com luz e muita paz não há problema que não se resolva quando temos essas intenções. Parabéns!
ResponderExcluirO grande desafio é transformar o instinto em amor.
ResponderExcluirO conhecimento nos liberta da prisão emocional e crenças limitantes. Conhecer a nós mesmo já um ótimo começo.
ResponderExcluirPonto muito bem colocados num assunto tangente e essencial: relações. Imersos no mundo digital, nos distanciamos de nossas essências e as colocações no texto são excelentes insights. Gratidão, Renata
ResponderExcluirEntender como se processam as nossas emoções nos ajuda a coordenar os nossos pensamentos e nos facilita a administrar as nossas atitudes. Sempre prevalecendo o amor diante de situações complicadas para nós. Saber quando usar o coração e quando deixar prevalecer a razão.
ResponderExcluirSempre muito bom ler pensamentos que norteiam nosso espírito no caminho da maturidade espiritual!
ResponderExcluirJúlio Campolina